Penso em ti, não posso evitar.
Não posso negar aos meus
ouvidos
o prazer desmesurado de encontrar tua voz
nos sons do alvorecer e de
reconhecer o teu cantar
nas melancólicas cantigas dos pássaros errantes.
Não consigo evitar que os meus olhos
sejam iludidos pelas tantas miragens
em que te vejo na chuva, banhando-te livre,
feliz e reverenciada pelo céu relampejante.
Nem mesmo escapar da ilusão inebriante
de sentir teus abraços na força dos ventos ríspidos
que desnudam as goiabeiras.
Não posso impedir que meus sonhos
corram alucinados ao encontro dos teus
e que os persigam pelos ardilosos caminhos
deste desejo desvairado de verter
em meus próprios olhos cada lágrima tua.
Nem controlar esta força descomunal
que insiste em calar o pranto dos meus infortúnios
na exuberância apaixonante dos teus sorrisos.
Penso em ti, sozinho e olhando a noite.
Sonho com teus beijos ao amanhecer,
com teus lábios silenciando os meus
enquanto inoculam em meu peito
o vírus deste estremecer perturbador,
que me faz confundir tuas carícias
com os promissores anúncios da primavera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário