O fato que me ocorreu foi o seguinte: folheando um livro antigo que tenho sobre a 2ª guerra mundial (Fatos e Homens da Segunda Guerra, 2ª Ed.), li nele uma passagem que achei muito interessante. Tratava-se do trecho de um discurso de A. Hitler, em Berlim, em 03 de Outubro de 1941, em que ele vangloriava-se dos resultados positivos do exército nazista na Operação Barbarossa (invasão da União Soviética), que estava em andamento havia cerca de 4 meses. Vociferando e esbanjando uma cega e excessiva confiança no desfecho exitoso da operação, ele diz:
"Declaro hoje e faço-o sem qualquer reserva, que o inimigo do Leste, a Rússia, foi derrubado e jamais se levantará. Só teremos que dar um simples pontapé para que toda aquela estrutura podre desmorone".
Faltou pouco, realmente, pois a URSS foi tomada de surpresa com a súbita ruptura do então Pacto de Não-Agressão que mantinha com a Alemanha Nazista (Pacto Molotov-Ribbentrop), sendo assim não houve nenhuma declaração formal de guerra, apenas uma inesperada e violenta invasão. Várias cidades soviéticas importantes foram ocupadas pelas forças alemães, que em pouco tempo chegaram às portas de Moscou. Faltou pouquíssimo, mas esse simples pontapé jamais foi dado, e os russos não só resistiram bravamente à agressão nazista, como organizaram uma potente contra-ofensiva que redundou, em maio de 1945, na tomada de Berlim, forçando a capitulação alemã na frente oriental da Guerra na Europa.
Isso sim, uma "virada histórica" dos russos.
O soldado do Exército Vermelho Abdoulkhakim Ismailov hasteando a bandeira da URSS na sede do Reichstag (Parlamento Alemão), em Berlim, Abril de 1945. |
*Me refiro à Rússia por ter sido ela a república soviética que dispunha do maior peso em recursos materiais e humanos necessários tanto para a resistência às forças invasoras, quanto para o posterior contra-ataque que resultou na invasão e ocupação da capital alemã, que impôs à Alemanha nazista a rendição incondicional. Sem diminuir, porém, o papel importante das demais repúblicas soviéticas nessa heróica resistência. Além do mais, ressaltaria o fato de que a Rússia é oficialmente reconhecida, pelo direito internacional, como o Estado Sucessor da ex-União Soviética.