sábado, 25 de dezembro de 2010

Pronunciamento de Lula

Foi muito divertido ver a esquizofrenia coletiva que se instaurou entre os líderes da oposição após o último pronunciamento do presidente Lula na televisão, na última sexta-feira. Não se conformam com o sucesso do governo Lula e hoje amargam lamúrias e arrependimentos por não haverem levado a cabo o impeachment golpista de 2005.
Obviamente, como era de se esperar, durante sua fala, o presidente apelou muito para a emoção do povo brasileiro, de quem tem um estimulante e expressivo apoio, sendo possível estabeler paralelos com a carta-testamento escrita pelo presidente Getúlio Vargas, antes de cravar a famigerada bala no seu peito. A demonstração inequívoca do líder de massas que é, ressaltou-se na forma como falou ao coração do povo. Lula vive hoje uma situação privilegiada graças ao que construiu antes e durante o governo, e sobretudo graças à sua admirável história que permite que o povo mais pobre com ele se identifique. A incapacidade da oposição de elaborar um discurso propositivo, que lhes conferiu a terceira derrota consecutiva em eleições presidenciais, agora se transforma num rancor e inveja impressionantes. Uma expressão do seu repúdio ao fato de que um filho do povo ascendeu, democraticamente, ao poder. Isso me faz sentir um orgulho imenso de militar na trincheira oposta a eles no campo político brasileiro.

domingo, 31 de outubro de 2010

Dilma é eleita presidente!!

Fico muito feliz com a eleição da Dilma.Votei nela por acreditar que o projeto ela representa é importante pro Brasil e deve continuar. Acredito que a luta contra a miséria deve receber o incondicional apoio de todos nós. Um aspecto que me chamou a atenção nessas eleições, foi que o Serra conseguiu ressucitar a mesma direita conservadora, pré-64, que apoiou o golpe militar. Replicando o mesmo discurso daquela ocasião: "pela liberdade, pela democracia, pelos valores cristãos". Introduziu o fundamentalismo religioso nas eleições, afrontando o caráter laico do estado, tentando a qualquer custo minar a candidatura da Dilma, nem que pra isso custasse valores tão caros ao nosso país, como a cultura de tolerância religiosa que temos. Conseguiu dar vazão ao mesmo discurso que inspirou o golpe de 64, que agora voltava, estranhamente, quase como slogan da campanha serrista. Mais guinado à direita do que antes, esta gente não poderia voltar ao poder, sobretudo no momento fantástico que o Brasil atravessa. Desejo à Dilma um excelente governo, que aprofunde os avanços obtidos com Lula e que enfrente os desafios que não foram enfrentados como deveriam. Independente do meu apoio, como cidadão estarei atento, fiscalizando e fazendo as críticas construtivas (pela esquerda), que nunca deixei de fazer, mesmo ao governo Lula.
Boa sorte à nossa presidente.
Viva o Brasil!!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre a selvageria tucana

Amigos, passei aqui para dizer algo importante a vocês referente ao processo eleitoral. O Serra está patrocinando uma campanha tão selvagem, tão caluniosa, tão suja, tão clandestina, tão mentirosa etc que votar na Dilma, e contra ele, já está ultrapassando a questão política, que deveria ser o único motivo pra pautar um voto, e que já seria o suficiente para votar na Dilma. Diante da sujeira que, graças ao Serra, está se tornando estas eleições, votar na Dilma e contra ele, está se transformando para mim também num dever moral, numa questão de princípios e de caráter. Para mim, não existe maior sintoma de mau-caratismo do que a mentira, a manipulação da verdade, a calúnia e o que é pior, a mentira usada para destruir a moral e a imagem de uma pessoa. Ser contra e combater isso é uma questão de moral e de decência, transcende questões político-partidárias. O Serra está usando de expedientes condenáveis por qualquer pessoa civilizada, pra vencer essas eleições. Está introduzindo o pseudo-moralismo religioso nas eleições pra fugir do debate programático, que a ele não interessa. O Serra acusa a Dilma de responsabilidade na suposta quebra de sigilo de pessoas ligadas a ele, o PT reage processando-o na justiça e exigindo provas da acusação e ele, diante da justiça, nega a própria acusação e admite que a Dilma nada tem a ver com isso. Então acusou uma inocente por quê??Isso é ter bom caráter? Como a justiça não é boba, ele continua réu por calúnia e difamação, fato que a Dilma, sabiamente, pendurou no seu pescoço no debate da Band. Ele, sabendo que era verdade, aceitou o adereço caladinho, sem negar, nem pedir direito de resposta. Porém, por baixo da mesa, ele está usando todo o seu apoio junto à plutocracia brasileira e os seus tanques de guerra instalados na granda mídia que discaradamente o apóia, pra esmagar a candidatura adversária, valendo-se de tudo: dedo no olho, bicuda, tranco, rasteira, golpe baixo etc. Tenta envolver Dilma com supostas irregularidades da Ministra já afastada Erenice Guerra, sem uma prova sequer. Simplesmente joga acusações ao vento. Esse caso para mim é uma puta jogada eleitoreira, tal como o Dossiê Vedoin de 2006, que levou Alckmin ao 2º turno contra Lula, e que recentemente a justiça inocentou o PT. Diferentemente da acusação de 2006, o veredicto da Justiça teve entre pouquíssima e nenhuma repercussão na mídia, infelizmente, mostrando de que lado ela está.

Se o candidato do PSDB fosse o Aécio Neves, a impressão que tenho é que a campanha não estaria nesse nível baixíssimo. Eu não votaria nele porque tenho divergências com o projeto que ele representa pro Brasil, mas ele me parece um homem de caráter, coisa que no Serra vêm faltando e muito. Para mim o candidato Serra está se mostrando um mau-caráter, tentei pensar em outro adjetivo mas não encontrei. Com a forma tacanha com que conduz sua campanha imunda, sem compromisso nenhum com a verdade, nem com o povo brasileiro, está mostrando ter a mesma estatura moral de um rato de esgoto (que me perdoem os ratos!).
FORA SERRA!!

DILMA PRESIDENTE!!

sábado, 2 de outubro de 2010

Declaração de voto e outras considerações.

Quero aproveitar este espaço para declarar meus votos na eleição de amanhã. Para ser breve, vou me ater a justificativa do voto para presidente. Sobre os demais cargos, me limitarei a informá-los no final do post. Primeiramente, queria falar um pouco sobre um fato. Ano passado, transferi meu domicílio eleitoral para o Rio de Janeiro, que outrora estava registrado em Belém. Tomei uma atitude na contra-mão da maioria das pessoas, que obviamente optariam por justificar o voto. No entanto, decidi não abrir mão do direito de votar, não apenas por valorizar a participação popular num processo dessa magnitude, como também por acreditar que mudaremos o país quando nos envolvermos mais com política, e formos mais politizados. Nós vivemos numa democracia (ultra) representativa, em que o povo só é consultado a cada 4 anos (ou a cada 2 anos se preferirem). Se na única vez em que eu sou consultado, nesse intervalo de tempo, eu me recuso a participar, então eu quero eleições e democracia* pra quê? Enfim, por isso tudo, minha participação nesse processo, para mim, não é apenas uma obrigação de cidadão, mais do que isso, é um imperativo da consciência.

Gostaria que todos assumissem um lado, ainda que seja o oposto do meu, mas que assumissem. Que participassem. Tenho certeza que muita coisa vai mudar quando decidirmos entrar no jogo, e não ficarmos alheios a ele. Para os políticos corruptos e desonestos é extremamente interessante que o povo se retire do processo político. Isso eu não faço, não interessa se estou aqui no Rio, em Macapá, em Belém ou em Bagé.

Não me arrisco a dizer que os politicos corruptos são maioria, mas certamente são os que mais aparecem na TV, pois a mídia brasileira, na sua maioria, vende a política para a população como se fosse uma novela, ou um reality show do naipe de um BBB: quanto mais escândalo melhor. Os políticos sérios (independente de partido), que procuram honrar seus mandatos e que criam projetos que beneficiam a população, são sumariamente condenados ao anonimato. Vitrine só para os safados. Aí a população vai achando que só eles existem. Vão achando que não existem políticos da estatura moral de: Cristovam Buarque, José Nery, Paulo Paim, Brizola Neto, Chico Alencar etc. Mas se um dia um deles se envolvessem num escândalo, apareceriam em todas as manchetes. Não digo que isso não deva ser denunciado com veemência, claro que deve. Só acho que tanto as coisas ruins, quanto as coisas boas, deveriam ser igualmente mostradas. Isso educa e politiza a população. O contrário, só aliena e despolitiza e de quebra apodrece o Brasil. Portanto, por essas e outras razões, mas sobretudo por esse imperativo da consciência, transferi meu título para a cidade do qual serei um cidadão nos próximos anos, o Rio de Janeiro.

Impressionante que, mesmo estando fora do meu domicílio eleitoral original, o que poderia me conferir um certo desconhecimento dos políticos locais, essa é a primeira eleição em que decidi com bastante antecedência os meus candidatos, para todos os cargos. Claro que nesta eleição, como em nenhuma outra, a internet teve um papel fundamental. Facilitando enormemente a minha busca por pessoas com ideias com que me identificasse, minha interação com essas pessoas, o acompanhamento de suas atividades parlamentares e também foi possível saber o que elas pensam sobre os grande temas nacionais e os desafios do Rio de Janeiro. Logo, a internet ajudou muito.

Bom, meu voto para presidente é em Dilma Rousseff. Veja nela a representante de um projeto que está sendo exitoso no Brasil. Muita gente argumenta que ela é uma desconhecida, que chega a ser uma incógnita, e que por isso não seria uma boa presidente. Discordo. É fato que ela não tem experiência eleitoral, coisa que o Maluf tem de sobra e nem por isso acho que ele possui credenciais pra ser presidente da República. Sempre admirei a Dilma, desde a época do ministério de Minas e Energia, admirava pela sua firmeza, descência e competência técnica: a Petrobrás é o que é hoje, em boa parte, devido ao excelente trabalho da Dilma na pasta de Minas e Energia. Gostava de vê-la falar na TV. Naquela época, nem eu nem a imprensa inteira, imaginávamos que estávamos diante de um futura candidata a presidente. Por essa razão, não era raro ouvir pessoas dentro da imprensa, até mesmo da oposição, elogiando-a sempre que instados a falar da Ministra. As críticas sem fundamento, as acusações, difamações, só passaram a ganhar espaço depois que ela foi cogitada como candidata. O que mostra o casuísmo por trás de toda essa vilania que vemos hoje contra ela. Casuísmo e oportunismo tanto da oposição, quanto dos setores da imprensa que também militam na trincheira oposicionista.

A história da Dilma mostra muito bem de que lado ela está. Ela tomou parte num processo duríssimo, em que muitos de seus pares foram selvagemente esmagados, na luta contra a ditadura. E digo mais, acho muito importante o valor simbólico da eleição da Dilma, não apenas por ser ela a representante desse projeto de continuidade dos avanços do governo Lula, mas também por ela fazer parte de uma geração de jovens, que foi quase exterminada fisicamente em menos de 4 anos. Falo dos que resistiram ao regime militar. O sangue daqueles jovens como: Stuart Angel, Frei Tito, Iara Lavelber, Virgílio Gomes, Vladmir Herzog etc..que foram barbaramente torturados e assassinados, ainda estão impunes. Para mim, a eleição da Dilma (que também foi torturada, e derramou sangue junto com essa geração) seria, simbolicamente, a vitória daquela causa pela qual todos esses lutaram e morreram. Claro que quanto a Dilma, paira uma desconfiança devido a falta de experiência pregressa em cargo eletivo e executivo (ou qualquer outro eletivo) . Coisa que pode ser (grosseiramente) relativizada se observamos o caso do Lula, que também teve como primeiro cargo executivo a presidência, nunca tendo governado uma bodega sequer. Nesse aspecto, compreendo quem vê nela uma incógnita. Porém voto nela, pela sua trajetória, de muita luta, sempre aliada às causas progressistas, mesmo ocupando apenas cargos técnicos, no pós-ditadura, que sempre exerceu com grande competência, e também por ela representar um projeto que está melhorando o Brasil. A candidatura Dilma é a única com possibilidade concreta de manter esse projeto. É a única candidatura que tem a legitimidade de reivindicar a co-autoria dos sucessos dos últimos 8 anos.

Algo que me chama atenção, é que ela sempre teve uma filiação partidária, mesmo nunca se candidatando a nada, sempre aliada às causas sociais, seja no PDT de Brizola, seja no PT. Isso é interessante, geralmente as pessoas aderem a um partido político com vistas a um cargo eletivo, muitas vezes aliado a um idealismo, mas filiado apenas por idealismo, é muito mais difícil de se ver e é algo sem dúvida admirável.

O que falar dos outros candidatos? Bom, o Serra representa um projeto que fez muito mal ao Brasil. Não deixo de reconhecer os méritos do PSDB na questão da estabilização monetária, em que se venceu a hiperinflação que açoitava a economia brasileira. Isso foi um grande serviço ao país. E o que mais??Tirando isso, o governo do PSDB foi uma tragédia: grande parte do patrimônio público foi privatizado( e as tratativas por trás disso, foram no mínimo polêmicas), os salários foram congelados, as univesidades federais foram estranguladas por falta de verba, faltou energia no país, o investimento foi o pior desde a 2ª Guerra, cortaram gastos em tudo e ainda por cima entregaram o país com déficit, aumentaram a carga tributária etc. Tínhamos que engolir a humilhação de ver um subalterno do FMI, vindo nos humilhar periodicamente dizendo onde seriam os próximos cortes. Ou seja, Serra e PSDB não! Ele tenta hoje se desvencilhar de seu passado recente, como se o povo não tivesse memória. Mas temos e, definitivamente, o estado mínimo tucano não serve mais por aqui.

Eu gosto da Marina, só acho que o PV a engessa. Seria muito mais coerente ela ter isso para o PSOL. Confesso que, ultimamente, tenho olhado para ela com uma certa desconfiança pois, observo que ela vêm emprestando discursos da direita, discursos que não são seus e isso me lembra muito, um ex-esquerdista chamado Fernando Henrique Cardoso. Foi emprestando discursos do PFL (hoje DEM), que o FHC sacramentou sua conversão à direita. O ponto positivo disso é que, com esse discurso de camaleão, ela está tirando votos do Serra. Um fato que me chamou a atenção negativamente hoje, foi que o presidente do PV, José Luiz Penna, declarou um dia antes da eleição, que o partido apoiará Serra no caso de um eventual 2º turno. Que vergonha. Tirando algumas poucas figuras, o PV têm se mostrado um reduto de esquerdistas envergonhados de seu passado, o Gabeira (ou ex-Gabeira) é um grande exemplo disso. Espero que a Marina não chegue lá também. Estou de olho.

O Plínio defende algo, que na minha opinião, é muito difícil no momento. Acho que eu e ele discordamos quanto ao meio, e concordamos quanto ao fim. Minha divergência com eles restringe-se basicamente à estratégia. O Plínio e o PSOL são críticos do reformismo (alguns dizem, reformismo social-democrata europeu) que o PT vem encabeçando no Brasil, que apesar de seus efeitos colaterais, tem tido grande êxito na redução das desigualdades. Ainda que o reformismo tenha seus vícios, me parece que é o que foi possível de ser feito até o momento, dada a desigual correlação de forças existente na política brasileira. Obviamente, a minha expectativa é que à medida que o tempo passe, outras conquistas que unificariam as esquerdas, como a Reforma Agrária, por exemplo, sejam perseguidas com mais obstinação. Ainda acredito que o PT e o PSOL, estarão juntos novamente no futuro.

Eu tenho minhas críticas ao PT, críticas à esquerda, que nada tem a ver com a oposição raivosa, oportunista e caduca que faz o PSDB/DEM. Minhas críticas estão em consonância, em grande medida, com as críticas do PSOL. O único partido que faz uma oposição de fato responsável. Apesar das minhas críticas ao PT, as convergências ainda são maiores, de modo que reconheço nele o fiador desse importante projeto que está alavancando o Brasil e fortalecendo cada vez mais as lutas progressistas, na redução das desigualdades sociais, no respeito às lutas populares, na afirmação da nossa soberania nacional, e no combate incansável à pobreza.
Por isso, meu voto é Dilma 13!

Thiago.


*Por mais que eu tenha críticas a esse modelo falido de democracia ocidental que, definitivamente, não é o modelo que eu defendo, mas essa é uma digressão para outro momento.


P.S: Meus demais votos são:

*Deputado Estadual: Marcelo Freixo (PSOL 50123)
*Deputado Federal: Brizola Neto (PDT 1234)
Também indico: Chico Alencar (PSOL 5050)
*Senador1: Lindberg Farias (PT 131)
*Senador2: Milton Temer (PSOL 500)
*Governador: Jefferson Moura (PSOL 50)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Saudades de um grande amigo

Estes dias estive pensando num grande amigo que se foi e no quanto ele faz falta por aqui. Não estou dizendo que morreu, ele apenas se foi, não importa pra onde foi. Não sei ao certo. Às vezes, as pessoas se vão, porque chega a hora de ir e ponto final. Esta atitude de querer alguém querido sempre perto não passa de uma invenção humana, egoísta, que muitas vezes nada tem a ver com apreço pela liberdade plena. Ele se foi porque sentiu que era hora de "desenhar seus próprios pés na areia inexplorada", como diria o poeta José Régio. Ele tinha uma risada contagiante, falava muito, inspirava minha admiração ao falar, apreciava a cultura, e tinha algum, ainda que parco, talento pra escrever. O seu talento para escrita era modesto mesmo, jamais lhe renderia qualquer prêmio, mesmo o mais mediano, mas era o suficiente pra que ele andasse com a poesia pendurada no pescoço, retendo-a discretamente, para quando menos se esperasse, desgarrá-la pelo universo, surprendendo e fascinando os mais próximos. Não era um talento de berço, ele tinha acessos pontuais de talento, era diferente. Ele escrevia com a alma, sua sensibilidade era tamanha que seus cinco sentidos se misturavam, sem que a descrição de suas percepções perdesse qualquer fidelidade. Além dos 5 sentidos, ele tinha um outro, que eu chamava de "acuidade filosófica", ele ria dessa nomenclatura. Tal sexto sentido, era o de extrair filosofia de tudo, até das coisas mais ignoráveis, como um cinzeiro, um guarda-chuva ou até mesmo uma bola de boliche. Tudo que havia, quer seja de concreto ou de abstrato, no mundo a sua volta era inescapável à sua acuidade filosófica. Às vezes sinto que esse grande irmão vai voltar, não que ele assim prometa, pelo contrário ele prefere que eu perca as esperanças. Eu o entendo. Entendo com poucos essa estranha, fascinante e invencível força que nos convida a desbravar outras plagas. Não espero que ele volte, o importante é que o melhor de suas lições e virtudes, permanecem comigo.
Ah...o nome dele é Policarpe di Emili.

Abraços.

domingo, 15 de agosto de 2010

Volta a ativa

Olá a todos!
Estive por algum tempo ausente deste blog em função, entre outros motivos, da minha viagem para a Europa. Quero antes avisar que de forma alguma não os deixarei órfão e em breve, escreverei contando a vocês os detalhes mais importantes dessa viagem, tão logo eu dispor do tempo necessário pra fazer isso. Farei isso não necessariamente no próximo post, mas assim que possível. Prometo!
Abraços.

T.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

¡España campeon!

Fiquei muito feliz com o título da Espanha. As pessoas mais próximas a mim, sabem os motivos que me levam a torcer pela seleção espanhola em Copas do mundo e em outras competições (depois do Brasil, obviamente). Eu tenho descendência espanhola por parte de pai, meus bisavós vieram daquele "hermoso" país da península ibérica para me dar esse sobrenome estranho, com o qual eu tanto sofri na minha infância, sobretudo na escola. Lembro que, às vezes, chorava de inveja dos colegas que tinham sobrenomes mais comuns: Oliveira, Silva, Correia, Ferreira, Souza etc, e que por isso nunca eram sacaneados durante a chamada.
Enfim, fui crescendo e os complexos com o sobrenome espanhol estranho, foram se dissipando e quando comecei a acompanhar as copas do mundo, sempre torcia pela Furia em seus jogos. Sonhava com uma final entre Brasil e Espanha. Claro que torceria para o Brasil, mas teria ao menos um consolo caso perdêssemos.

Em 1998, a Espanha foi eliminada na primeira fase. Foi uma decepção. Em 2002, ela foi garfada nas quartas-de-final, contra a anfitriã Coreia do Sul, por aquele árbitro egípcio, o tal Gamal Gandhour (que deve estar proibido de entrar na Espanha até hoje rsrsrs) que conseguiu fazer uma das arbitragens mais escandalosas da história das Copas e que me levou a antipatizar com o time da Coreia do Sul. Antipatia que perdura até hoje. Eu sei que eles não tem culpa dos erros da arbitragem a seu favor, mas realmente desde então eu não consigo me curar desde sentimento de sempre torcer contra a Coreia do Sul. Mas vou tentar na próxima Copa do Mundo. Eu juro! Para quem lembra, na ocasião, o árbitro egípcio, anulou dois gols espanhóis legítimos e marcou três impedimentos inexistentes. O placar ficou no empate de 0 a 0, e a Espanha, que vinha de uma campanha extraordinária, foi eliminada nos pênaltis. Uma monumental injustiça. Naquela Copa, tal como nesta, por suas posições nos grupos, Brasil e Espanha só se enfrentariam na grande final. Mas não deu, e graças ao Mr.Gandhour, a Furia mais uma vez ficava nas quartas.

Em 2006, a Espanha com um time bom, amarelou pra França de Zidane, perdendo de virada, após fazer um belo primeiro tempo, vencendo, e voltarem pro segundo tempo feito um bando de zumbis desorientados. Mais uma vez eliminada.

De 2006 para cá, a seleção espanhola cresceu muito. Venceu a Eurocopa de 2008, jogando um belo futebol, vencendo a Alemanha na final. Decepcionou na Copa das Confederações, mas recuperou sua auto-estima e seu favoritismo com a brilhante campanha nas eliminatórias. Chegou à Africa do Sul como forte candidata ao título. Poderiamos dizer que chegou com favoritismo e muitos problemas: contusões como a de Iniesta, Fábregas e Torres, tiravam sono do técnico Vicente Del Bosque. Fernando Torres, um grande goleador, que após uma contusão no joelho seguida de uma cirurgia, não conseguiu recuperar sua boa forma, ficando apagado o mundial inteiro. Na minha opinião, essa é a principal explicação para o baixo número de gols marcados pela Espanha nessa Copa do Mundo: a ausência de uma referência no ataque. Felizmente, com fantásticos jogadores no meio-de-campo, à sua disposição: como Xabi Alonso, Xavi Hernández, Iniesta e mesmo o Villa na ponta, Del Bosque pôde compensar a ausência de Torres.

Enfim, deu no que deu: Espanha campeã, merecidamente, diga-se de passagem. Tem muita gente aí dizendo que quem merecia o título era a Alemanha e bla blá blá. Ué, mas a Alemanha perdeu o jogo pra Espanha quase sem tocar na bola. Quem assistiu o jogo viu que a Espanha foi muito superior, venceu de 1 a 0, mas poderia ter vencido de mais, se não houvesse perdido tantos gols, assim como no jogo de ontem. Não há nesta Copa seleção mais merecedora do título que a Espanha.

Resumo da ópera, fico muito feliz com o título mundial da seleção espanhola. É uma pena que por culpa do Dunga & Cia, a final que eu sempre sonhei não pôde acontecer. Quem sabe em 2014.

domingo, 13 de junho de 2010

Amor pelo Brasil

Antes que pensem que o título deste post inspira-se nesse "patriotismo de goela" que ganha cabeças e corações a cada quatro anos, adianto a vocês que este meu sentimento nada tem a ver com Copa do Mundo e com esse ufanismo passageiro que ela causa, na maioria da nossa população. Talvez, caros leitores, pensem vocês que o autor deste blog fala dessa maneira por não gostar de futebol, visto que este fato que denuncio aqui é um discurso muito comum entre os que não gostam deste esporte. Muito pelo contrário, este amigo aqui é um apaixonado por futebol, em especial por Copas do Mundo, não apenas por achar o futebol um esporte interessante, divertido etc, e pela Copa do Mundo ser um momento sagrado para todos os amantes de futebol, mas também por tudo isso me trazer maravilhosas lembranças da minha infância, ao lado da minha família.
Expresso meu amor pelo Brasil no desejo ardente que tenho em contribuir para que este país, que muitos chamavam de "gigante adormecido". Contribuir não apenas para que ele desperte do sono, mas para que esteja em condições cada vez mais firmes, de dialogar com o mundo inteiro e de ser ouvido. E acima de tudo, para que possa resolver o seus mais graves impasses e desafios, que sem dúvida são muitos. Quero, dentro das minhas condições, como cidadão e cientista, oferecer meu sacrifício para que este país desenvolva suas grandes potencialidades e para que exerça seu importante papel no mundo, como uma nação soberana e independente, e que essa independência se reflita, entre outras coisas, nas suas educação, ciência e tecnologia. Não apenas no futebol. Tenho consciência de que tenho uma responsabilidade nas mãos, que talvez muitos dos meu pares ignorem.
Me fascina ver que somos um experimento único na história da humanidade. Conseguimos produzir, ao longo do nossa saga, inglória em muitos momentos, uma diversidade cultural que nenhum país conseguiu produzir. A aventura do povo brasileiro de criar a si mesmo, fundindo as culturas europeia, africana e indígena numa só, resultando num povo único no mundo, nos torna singular em comparação a qualquer país do mundo.
Acredito fortemente, sem qualquer reserva, no nosso destino como uma grande nação e como uma país livre da miséria nas próximas décadas. Temos muitas riquezas, uma extraordinária diversidade cultural, uma biodiversidade ímpar, um imenso território, somos umas das maiores economias do mundo. Reunimos todas as características de uma grande nação, e este é um destino que não nos escapará. Somos forte e podemos moldar nosso futuro conforme nossos anseios, mas para isso precisamos nos unir e ir à luta. Não há pior desastre para um país como o nosso, com tantos problemas, do que ter um povo que se entrega, que se rende ao status quo, dizendo que nenhum político presta, que nada nunca vai mudar, que tudo sempre será o mesmo, ficando em casa culpando Deus por suas tragédias e infortúnios.
Acredito que temos dentro de cada um de nós a capacidade de nos erguer acimas das nossas misérias (moral, intelectual e material), superar os nossos desafios seculares e desempenhar o importante papel a que o mundo nos convida. Este futuro que avidamente nos aguarda é para mim, uma fonte perene de entusiasmo e de esperança.
Viva o Brasil!!!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sobre o título do blog*

Antes de iniciarmos as nossas atividades regularmente, cabe aqui um oportuno esclarecimento acerca do título deste blog. Como sei, pelo meu jeito, o quanto é inútil prometer ser sucinto na explicação, prefiro não dar esperança a vocês. O nome do blog corresponde a um trocadilho que faço com o título da obra de Aldous Huxley "Brave New World", sem dúvida um dos melhores livros do século passado, escrito em 1931, cuja tradução correspondente para o português é "Admirável Mundo Novo". É um livro clássico, bastante conhecido, do qual certamente muitos de vocês, no mínimo, já ouviram falar. Huxley por sua vez, na escolha do título, ao que parece, inspirou-se na seguinte passagem da célebre peça "A Tempestade" de Shakespeare:

O wonder!

How many goodly creatures are there here!
How beauteous mankind is!
O brave new world!
That has such people in't!


"Oh! maravilha!
Que adoráveis criaturas temos aqui!
Como é bela a espécie humana!
Ó ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
que possui gente assim!" -

A Tempestade, Ato V

O trocadilho se dá ao envolvermos a expressão "mundo brana", do inglês "braneworld"(derivado da palavra membrane, membrana em português), um termo hoje muito conhecido na Física Teórica, sobretudo nas áreas de Gravitação, Cosmologia e Física de Partículas. O conceito de mundo brana surge no chamado Modelo de Randall-Sundrum (modelo proposto em 1998, pelos físicos Lisa Randall e Raman Sundrum, das Universidades Harvard e Boston, respectivamente). Segundo este modelo, o nosso universo visível, quadridimensional (três dimensões espaciais e uma temporal) visível, está imerso num espaço pentadimensional, chamado de "bulk". E o universo em que vivemos, no qual está presente tudo o que conseguimos detectar até hoje, é chamado de mundo brana e nele está confinada toda a matéria. A teoria chama atenção, embora nisso não seja uma pioneira, por propor a existência de mais dimensões do que as quatro a que estamos acostumados no dia-a-dia. Em outra oportunidade, irei discorrer melhor a respeito do Modelo de Randall-Sundrum, que é um assunto que estou começando a estudar no meu Doutorado. Por enquanto, o importante é saber que o modelo se propõe a responder uma pergunta muito simples: Por que a força gravitacional é tão mais fraca em relação às outras três existentes na natureza (força eletromagnética, força nuclear forte e força nuclear fraca)?? Essa discrepância pode ser verificada ao atrairmos um prego usando um imã, suspendermos o imã, e percebermos que o prego não cai. Mostrando que a força eletromagnética, que governa o fenômeno da atração do prego por um pequeno imã, supera a força gravitacional com que todo o planeta Terra tende a atraí-lo. As outras três interações serão melhor explicadas no próximo post, mas cabe aqui dizer que elas, trabalhando em perfeita sincronia e entrosamento, são responsáveis pela estabilidade dos átomos e moléculas, ou seja, da matéria e de tudo que conhecemos.
A idéia básica do Modelo de Randall-Sundrum é a de que essas três forças, ou interações, permanecessem confinadas nas quatro dimensões, ou seja, aqui na nossa brana. Enquanto que apenas a interação gravitacional é capaz de escapar para o bulk. Com isso, ao se espalhar por todo o bulk, ela diminuiu sua intensidade aqui na brana, enquanto que as outras três, confinadas, acentuam suas intensidades. Basicamente por isso, a força gravitacional seria tão mais fraca quando comparada às outras. (Figura abaixo).



Claro que, da missa eu só contei uma frase. Estou omitindo várias coisas, a maior parte por ignorância já que estou começando a estudar o tema agora, mas ainda que fosse um expert, o propósito inicial de falar numa linguagem acessível a leigos me obrigaria, de qualquer maneira, a omitir os detalhes conceituais. De qualquer forma, pretendo em breve, falar melhor a respeito do mundo brana, do Modelo de Randall-Sundrum, das forças fundamentais etc.
O importante é terminar dizendo que o termo mundo brana refere-se ao nosso admirável universo, de mais de 80 bilhões de galáxias. O universo, nosso admirável mundo brana, tornou-se um conceito que os poetas, valendo-se da sua justa licença, muito enriqueceram e levaram para muito além dos domínios da física e que eu, desprovido da pretensão desses poetas, comparo a este meu mundo de paixões, o qual convido todos vocês a observar, com os olhares que julgarem convenientes, na esperança que encontrem aqui algo de admirável.

Abraços.

*Referência ao antigo título deste Blog, que era: "Admirável Mundo Brana".

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Post de estréia

Olá a todos,
Inicio com este post as atividades deste blog e ao mesmo tempo marco meu retorno à blogosfera após quase 3 anos de "exílio". Muita coisa mudou de lá para cá. O meu antigo pseudônimo, familiar aos mais próximos, foi aposentado e passo a atuar por aqui com o nome verdadeiro. Os objetivos por trás de um blog conduzido por mim também mudaram, mas não muito. Quero usar este espaço para falar um pouco das minhas paixões, que por serem muitas, imagino que ajudará a garantir que este espaço não sucumba à inatividade prolongada e à consequente extinção. Uma destas paixões, que darei relevo aqui no blog, será sobre a Física, que além de uma grande paixão, é minha área de atuação profissional. Obviamente, terei o cuidado de falar numa linguagem acessível a leigos no assunto, não me atendo a detalhes técnicos e muito menos a sofisticação matemática por detrás dos conceitos. Procurei dar uma atenção especial aos temas modernos da área e aos desafios atuais da Física.
Outros assuntos também serão eventualmente abordados (cinema, política, esporte, música etc..), incluindo alguns posts anteriormente publicados por mim no antigo blog. Os poemas escritos na época também serão, eventualmente, reeditados e também publicarei outros, escritos por mim durante os anos em que estive no meu exílio voluntário.
Sejam bem-vindos todos os que passarem por aqui.

Um grande abraço.

T.C.