segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Pensando em ti

Penso em ti, não posso evitar. 

Não posso negar aos meus ouvidos 
o prazer desmesurado de encontrar tua voz 
nos sons do alvorecer e de reconhecer o teu cantar 
nas melancólicas cantigas dos pássaros errantes.

Não consigo evitar que os meus olhos 
sejam iludidos pelas tantas miragens
em que te vejo na chuva, banhando-te livre, 
feliz e reverenciada pelo céu relampejante.

Nem mesmo escapar da ilusão inebriante
de sentir teus abraços na força dos ventos ríspidos 
que desnudam as goiabeiras.

Não posso impedir que meus sonhos 

corram alucinados ao encontro dos teus 
e que os persigam pelos ardilosos caminhos 
deste desejo desvairado de verter 
em meus próprios olhos cada lágrima tua.

Nem controlar esta força descomunal 
que insiste em calar o pranto dos meus infortúnios 
na exuberância apaixonante dos teus sorrisos.

Penso em ti, sozinho e olhando a noite.

Sonho com teus beijos ao amanhecer, 
com teus lábios silenciando os meus 
enquanto inoculam em meu peito 
o vírus deste estremecer perturbador,
que me faz confundir tuas carícias 
com os promissores anúncios da primavera.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Vim, vi e escrevi


Vim, vi e parei
Diante dos versos que não vieram,
Perdidos nas noites que varei,
Errantes na chuva não souberam,
Que por eles prostrado esperei.

Vim, vi e lembrei
Dos sonhos possíveis, inacabados
Das lutas inglórias que travei,
Dos amores perdidos, desvairados,
Que em meu peito exaltado carreguei.

Vim, vi e falei
Da minha vida inquieta e peregrina,
Dos caminhos incertos em que andei,
Das virtudes notáveis da menina,
Que com saudades naquele dia deixei.

Vim, vi e chorei,
Chorei do meu jeito assim calado,
Nem mesmo uma lágrima derramei,
Mantive o meu pranto sufocado,
E em nome da saudade o guardei.

Vim, vi e senti
A chegada oportuna destes versos,
Numa noite de insônia os persegui
Por caminhos confusos e diversos,
Solitário e em silêncio os escrevi.