sábado, 14 de julho de 2012

"‎Liberté, Égalité, Fraternité"

Fonte:  http://tiny.cc/4eqhhw


Hoje a França comemora 223 anos da Tomada da Bastilha, uma antiga prisão política do regime absolutista francês. Este fato é considerado o estopim de um dos acontecimentos mais marcantes da história da humanidade que, anos mais tarde, seria convencionado pelos historiadores como marco do fim da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea, isto é: a Revolução Francesa. A revolução veio a consolidar a ascensão da burguesia perante o absolutismo, já em declínio. A hegemonia burguesa se espalhou pelo mundo inteiro, ajudando a formar o capitalismo moderno que, não demorou muito, mostrou sua incompatibilidade com o lema da revolução que intitula este post. Promover "fraternidade" e "igualdade", para o sistema, passou a ser não uma prioridade, mas um mero efeito colateral da busca alucinada pela maximização do lucro, que é o seu verdadeiro objetivo. Tornou-se até natural, no imaginário do cidadão contemporâneo, pensar que se a igualdade não for alcançada por meio dessa lógica perversa, então "tudo bem, não tem outro jeito". A "igualdade" não é importante, muito menos um princípio fundamental do sistema. O que é importante mesmo é a "liberdade". Mas que "liberdade"? E para quem? Bom, "liberdade" é uma palavra em que cabe interpretações mais vagas, que manipuladas de um jeito adequado podem fazer parecer que a "liberdade" que nos vendem como verdade absoluta trata-se da panaceia do universo, que nos salvará de todas as nossas mazelas. Se manipulada corretamente, ela há de convencer as pessoas de que "igualdade" e "fraternidade", sim, são coisas prescindíveis. Daí, criou-se a figura do "livre-mercado", e sua "liberdade econômica", que é o grande responsável por fazer da "liberdade" e "igualdade" duas palavras dissociadas uma da outra, passando a criar uma liberdade ilimitada para poucos, ilusória para uns e limitadíssima, talvez inexistente, para outros tantos. Conclusão disso: sem "igualdade", a "liberdade" deixa de ser um direito e transforma-se num privilégio. Com isso, o lema revolucionário é solenemente esquecido, por ser impossível dentro do sistema que se ergueu, ironicamente, graças à revolução.