sábado, 1 de janeiro de 2011

2011: um novo ciclo que se inicia no Brasil

Podemos dizer que com a chegada de 2011, pisamos com os dois pés na segunda década do século XXI. O século XX vai parecendo cada vez mais distante, fato que é agravado pelas frenéticas inovações tecnológicas que têm invadido o planeta nos últimos anos. No âmbito da tecnologia, parece que o século XXI veio disposto a sepultar o século precedente.
O Brasil entra nesta segunda década, ao mesmo tempo que inaugura um novo ciclo na sua vida política, com o fim do mandato de Lula e início do governo de Dilma. Não deixa de ter uma importância simbólica o fato de uma mulher, ex-guerrilheira, divorciada e de esquerda ascender ao poder central num país em que a direita conservadora ainda possui uma assustadora influência. Influência esta, como sabemos, guarnecida e viabilizada pelo amplo respaldo da grande mídia e da plutocracia brasileira.
Certamente, o que mais emociona é ver a presidente Dilma, ex-guerrilheira, torturada barbaramente pelo regime militar durante a ditadura, ser saudada hoje pelos militares como sua comandante suprema. Nada como um dia após o outro, diriam alguns. Eu diria mais: um milagre da democracia. Com Dilma, ascende ao poder uma geração de, antes, jovens insurgentes, hoje sessentões, que ofereceram um fase generosa de sua vida em sacrifício pela liberdade. Infelizmente, muitos deles foram cruelmente mortos por essa causa nobre, e não puderam presenciar este momento tão marcante. Me pergunto, o que se passou na cabeça da presidente naquele momento em que passou em revista às tropas? O que passou pela cabeça dos ex-guerrilheiros vivos e que lutaram tanto por isso? Me pergunto ainda, o que passou pela cabeça de um torturador ainda vivo, ao ver aquela cena? O que será que Médice, o mais sanguinário de todos, pensaria num momento desses. Tardou mas parece que o "amanhã", vaticinado por Chico Buarque em "Apesar de você", chegou.
Não apenas no simbolismo reside a importância da eleição de Dilma, mas também pela compromisso de continuidade e aprofundamento do projeto generoso que ela representa para o Brasil, e que vem alavancando o páis nos últimos 8 anos. Urge, no entanto, a necessidade de avançarmos em direção à esquerda. Fazer menos concessões à direita e termos mais firmeza ideológica. Algo que acredito ser possível, mesmo num governo de coalizão. O meu grande sonho é que libertemos o Brasil das algemas da direita conservadora, seja ela de oposição ou de situação. Dentro ou fora do governo.
Espero que se avance, sem recuos, em temas importantes, alvos de constante pressão da direita, como: o Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3); política externa (que permaneça progressista, anti-imperialista e multilateralista); fortalecimento do Estado e soberania nacional; diálogo e respeito aos movimentos sociais.
Precisamos ainda sanar os graves problemas que residem na saúde pública, que ainda nos envergonha, e reformar a educação básica de maneira a poder oferecer ao Brasil, através das nossas crianças, um futuro digno, em compasso com os desafios do futuro. É inaceitável que os professores da rede pública, ganhando salários miseráveis, permaneçam dando uma educação imprestável para a esmagadora maioria dos jovens brasileiros. De uma postura agressiva na direção da superação deste desafios dependem o nosso futuro e o lugar do Brasil no presente século. É impossível ser livre e independente sem transformar profundamente nossa educação básica.
Junto com os sentimento típicos de um ano que se inicia, de renovação das esperanças, de construção de horizontes e de sonhos, soma-se o meu desejo de que este ciclo que se inaugura, sob a égide do governo de Dilma, seja de grande sucesso para o Brasil. E nós do campo progressista, além de a apoiarmos, temos o importante papel de equilibrar as forças da coalizão, ajudando a "empurrar" o governo Dilma para a esquerda, quando a cota conservadora(Jobim, Sarney etc) do seu governo pressioná-la ao contrário.
Desejo à nossa presidente um excelente governo. Tenho absoluta certeza de que ela tem todas as condições de responder aos desafios que o presente e o futuro nos reservam, mantendo o Brasil no trilho do desevolvimento com justiça social. Sou otimista e não tenho dúvidas de que ela fará um excelente governo.

Um Feliz 2011 a todos!!

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