quinta-feira, 14 de julho de 2011

Fazendo justiça ao Romário

Em vez de abrir os olhos da população mostrando os dois lados da política, tanto os vícios condenáveis quanto as virtudes, o que seria antes de tudo o dever de uma imprensa isenta e com o espírito público, a grande mídia brasileira encampa uma ridícula onda de novelização do escândalo. Onda que já ganha mentes e corações em todo o país, colocando todos os políticos no mesmo balaio em generalizações tanto estúpidas quanto irresponsáveis. O objetivo é sempre o mesmo: vender à população a política como um reality show, coisa que dá audiência, e não como um instrumento para transformar o país. Essa atitude, além de despolitizar e desmobilizar o povo, alimenta, sobretudo nos mais jovens, um sentimento de nojo da política. Nojo não da corrupção, da mal-versação do dinheiro público e da safadeza, mas nojo da política de forma geral, como linguagem. Nojo das instituições democráticas, levando, por exemplo, alguns jovens a adotarem posições reacionárias e fascistóides de desejar incendiar o congresso nacional (Isso guarda alguma semelhança com algo já ocorrido na história ou é impressão minha?). Conforme muitos jovens, na sua maioria fãs alucinados do CQC, já declararam por aí pela internet, em seus perfis no twitter, facebook etc.
Me preocupa muito ver uma geração de jovens que, após 47 anos de um golpe de estado que lançou o país nas trevas de uma ditadura atroz e sanguinária, ressucitar o mesmo sentimento reacionário que, serviu a direita brasileira, além do "anticomunismo", como justificativa do golpe: "a descrença do povo pela instituições e pela democracia". Deixo uma digressão maior a esse respeito num post futuro, não necessariamente no próximo.
Referente a essa cobertura viciada que a grande imprensa faz dos políticos, o último fato que me chamou a atenção, foi o incidente envolvendo o Deputado Romário (PSB/RJ) que se recusou a fazer o teste do bafômetro. Minha opinião pessoal é que ele deveria ter feito, apesar de a Lei o assegurar o direito de não fazer. Mesmo que tivesse bebido, ele deveria ter feito e assumido isso publicamente. Teria se saído melhor dessa situação. Mas se recusou, na minha opinião errôneamente, e levou lenha da imprensa até o diabo dizer "chega!".
Na contra-mão dessa onda de novelização estúpida que fazem da política, faço aqui justiça ao Deputado Romário, independente do meu juízo a respeito de atitudes pontuais dele e das posições que ele tem, e em quem não votei, nem votaria (por razões ideológicas). Dou essa contribuição por ainda acreditar na política como linguagem, por acreditar que ela pode ser instrumentalizada para a transformação da nossas realidade, para superação dos nossos mais duros desafios enquanto sociedade, e também para mostrar que o que vem à tona sobre um parlamentar, muitas vezes, é tudo menos o que de fato interessa e/ou afeta positivamente a vida população. Solicito aos que me lêem neste momento que olhem a página do Deputado na Câmara Federal, no link "Minhas Informações na Câmara", e avaliem sua atuação. Independente se gostam ou não do Romário, o que não é o mais importante, tirem suas próprias conclusões.

Nenhum comentário: